''Preciso fazer um trabalho noturno. Eu preciso de um homem confiável com armas de fogo e que não hesite em se meter em coisas perigosas'' - Vanessa Ives.


Penny Dreadful foi uma série que abraçou gêneros como drama, terror, suspense e fantasia fortemente relacionados ao espectro gótico situado em uma Inglaterra do século XIX. Seu primeiro episódio foi ao ar no dia 9 de maio de 2014 e seus dois últimos no dia 19 de junho de 2016, correspondendo a 27 episódios presentes em suas três temporadas exibidas pelo canal estadunidense ShowTime.


Criada por John Logan e produzida por ele e Sam Mendes, a obra televisiva realiza um apanhado das clássicas histórias de famosos personagens da literatura de terror, como o Doutor Victor Frankenstein e sua criatura (do romance Frankenstein, de Mary Shelley), Van Helsing e os vampiros (personagens presentes em Drácula, de Bram Stoker), Dorian Gray (d'O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde), o Doutor Henry Jekyll/Edward Hyde (d'O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson), trazendo também lendas urbanas, como Jack, o Estripador e seres místicos, como os lobisomens e bruxas que, juntos, disseminam o horror misturado às suas dores mal interpretadas pela Londres vitoriana.


 A trama inicial nos retrata a jornada de Vanessa Ives (Eva Green) para salvar sua amiga Mina Murray (Olivia Llewellyn) de seu cativeiro dominado por ninguém menos que o Drácula. Abalada emocionalmente com o seu passado e procurando força e conforto dentro da religião, Vanessa preocupa-se minuciosamente aparentar ser uma mulher determinada, cautelosa e extremamente observadora. Aliando-se ao explorador inglês e pai de Mina, Malcolm Murray (Timothy Dalton), Sembene (Danny Sapani), o criado de Malcolm e Ethan Chandler (Josh Hartnett), um habilidoso artista circense e pistoleiro, Vanessa parte nesta missão com as visões enigmáticas que tem e com as poucas informações reunidas das criaturas das trevas que vivem na cidade.

Em meio a isso, a protagonista ainda consegue manter uma amizade baseada em admiração para com um Victor Frankenstein (Harry Treadaway) atormentado perante a sua realidade e à Academia, Ferdinand Lyle (Simon Russell Beale), um excêntrico egiptólogo e um Dorian Gray (Reeve Carney) perdido em sua eterna procura pelo sentido da vida, buscando novos prazeres na finalidade de sentir algo intenso, além de personagens que realizam seu próprio enredo ou participam dando suporte aos protagonistas, como Brona Croft (Billie Piper), a primeira criatura de Frankenstein (Rory Kinnear), Joan Clayton e Florence Seward (Patti LuPone), Catriona Hartdegen (Perdita Weeks), dentre outros.


Penny Dreadful é uma série profunda que nos mostra o falso lado das pessoas ao se comportarem perante a sociedade da época e os seus demônios internos. Todo monstro possui um coração e todo rosto bonito guarda um segredo. Seus personagens ganham vida nos papéis de atores cujo talento inquestionável nos faz adentrar em um mundo obscuro querendo sempre mais da violência, das perdas, do passado e do raro sentimento do amor que nos brinda solenemente em meio a tanto caos.

Uma curiosidade a respeito do título da série é que os Penny Dreadfuls eram publicações de ficção e terror vendidas na Inglaterra no século XIX e, por serem histórias que custavam apenas um centavo, receberam o apelido de ''centavos do terror'', daí o nome da série, não pagamos uma fortuna para acompanharmos histórias densas e inquietantes.

O sequestro de Mina foi o gatilho para todo o enredo acontecer e se entrelaçar com a maestria que John Logan nos proporcionou. Embora Vanessa atuasse como o centro da história televisiva, culminando ao seu fim, muitos personagens davam a diversidade e a singularidade que a série merecia. Penny Dreadful pode ser vista como uma colcha de retalhos: todas as diferentes texturas de seus tecidos, todas as linhas com cores distintas e toda a sua extensão foram de uma única importância para cobrir o telespectador, aquecendo-o na mais fria e escura das noites.

Vanessa: - Com um beijo.
Ethan: - Com um beijo... com amor.
Vanessa: - Com amor.


Por Murilo Freire.


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